quinta-feira, 18 de abril de 2013


Publicação da Revista Acervo, 1987.

O desenvolvimento da fotografia

A atividade fotográfica no Brasil expandiu-se a partir das descobertas realizadas
na Europa e nos Estados Unidos. Foi introduzida na primeira metade
do século XIX nos principais centros urbanos do país e profissionalmente
exercida sobretudo por fotógrafos estrangeiros. Durante todo o século XIX
o retrato constituiu o registro mais freqüente do trabalho fotográfico devido
às suas possibilidades inesgotáveis de comercialização. Uma clientela receptiva
encontrou no retrato um meio mais acessível do que a pintura de perpetuação
da imagem do indivíduo. O registro de paisagens, expedições científicas
e inúmeras outras atividades — militares, de engenharia etc. — envolvia
dificuldades muito maiores do que os retratos de estúdio. Quanto mais longo
o deslocamento, maior o esforço exigido do"fotógrafo no transporte do
volumoso equipamento característico da época, bem como a câmara escura
improvisada pelo fotógrafo. Além disso, a precariedade dos equipamentos,
o preparo das chapas, o longo tempo de exposição requerido para fixar a
imagem e a necessidade de revelar imediatamente após a exposição impediam 
flexibilidade do registro.
Essas limitações, que reduziam as possibilidades de fotografar cenas de
ação, foram parcialmente superadas pelo domínio de novas técnicas a partir
de fins do século XIX. A utilização de novos processos conferiu maior agilidade
ao fotógrafo. Por outro lado, o fotoamadorismo popularizou-se com a
invenção da câmara portátil, em 1888, pela Kodak, e de um sistema pelo qual
o filme passou a ser revelado comercialmente. No início do século XX criouse
o sistema de reprodução fotomecânica que permitiu a impressão da fotografia
em publicações e cartões postais. Até então a imagem fotográfica servia
de ilustração em publicações impressas por meio da litografia, obtida a
partir da fotografia. A importância do novo sistema para a fotografia consistiu
na viabilidade de ampliar sua divulgação através de publicações e de estimular
sua atividade através da maior demanda de registros fotográficos.1 O
novo mercado de trabalho surgido com a reprodução fotomecânica deu origem
ao fotqjornalismo.
Sob o ponto de vista da pesquisa histórica, as possibilidades de estudo através
da fotografia tendem a aumentar na proporção em que se desenvolvem a
técnica fotográfica e os processos de impressão. A pesquisa realizada com os
1. Boris Kossoy, Origens e expansão da foíograjia no Brasil, século XIX
 (Rio de Janeiro, Funarle,1980), 128 p.41, documentos da fase inicial da fotografia é 
dificultada pelo caráter estáticodos registros produzidos no período e agravada pelos 
problemas inerentes à sua preservação.
Com o passar do tempo, as inovações tecnológicas e seus reflexos sobre a
atividade propiciaram um universo de estudo muito mais amplo e desenvolveram
as condições para sua conservação através dos sistemas de impressão.
O estímulo à atuação do fotógrafo amador e do fotojornalismo, desencadeado
pelo domínio de novas técnicas, passou a garantir não só o aumento do
número de registros, como também a diversificação dos assuntos fotografados.
Quando impressa, a fotografia é preservada na medida em que o suporte-
papel não emulsionado possui uma durabilidade superior à do papel fotográfico.
Mesmo no caso do jornal, cujo processo de impressão não favorece a
nitidez, a utilização da fotografia leva à constituição de um acervo que, se não
for destruído, consistirá numa valiosa fonte de pesquisa do passado. Pág.: 40 e 41.

Por: Lúcia Lahmeyer Lobo,
Ana Maria de Lima Brandão e
Maurício Lissovsky
Pesquisadores do Cpdoc, dia
Fundação Cetúlio Vargas

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